sábado, 8 de maio de 2010

Mãe, me conta uma história?

"Filhos, por que tê-los?" Com palavra de mãe, responderia ao poeta Drummond: filhos, a vida é tão intensa ao conhecê-los... Da singular relação nascida com eles, descobre-se que é possível existir um sentimento único e incondicional, carregado de ensinamentos para o resto da existência. Por isso, ser mãe é tarefa exigente, doação e fortaleza, sensibilidade e, especialmente, capacidade de se reconhecer como ser imperfeito, em eterna aprendizagem. Sim, pois podemos até errar com nossos filhos, mas, certamente, com eles vamos sempre aprender, redescobrindo o mundo em cada etapa de suas vidas. Assim tem sido comigo. Há oito anos, Manoela me ensina, me desafia, me revela a felicidade.

Escrevo, pois, neste Dia das Mães, sobre uma atividade especial e muito prazerosa que compartilhamos. Refiro-me a uma das mais antigas e envolventes práticas da maternidade: a contação de histórias. Atualmente, em nossa rotina, ela figura entre as obrigações escolares. Mas, cá entre nós, é, sem dúvida, a mais adorável das obrigações! Um de nossos momentos felizes!

Desde tempos remotos, as crianças se encantam com as narrativas fantásticas a elas contadas. Atualmente, os livros ocupam espaço especial em suas vidas e a leitura do mundo já se inicia nos mais tenros meses de idade. Livros de pano ou para banho, tradicionais ou virtuais, seja qual for seu formato, sua textura e cores, sejam eles em verso ou prosa, apreciá-los com minha filha sempre foi e permanece uma deliciosa troca, divertida hora de aconchego e reflexão.

Psicanalista e escritor dedicado à literatura infantil, o médico gaúcho Celso Gutfreid já publicou um livro sobre a importância da literatura para um desenvolvimento saudável. Em O Terapeuta e o Lobo - A utilização do conto na psicoterapia da criança, explica que a narração de histórias, além de aproximar os pequenos daqueles que os acompanham, é capaz de levá-los a "construir sua identidade, a sentir, pensar, imaginar, imaginando também uma outra história quando a história real é terrível e gera sofrimento." É mesmo belíssimo este trabalho de Gutfreid, competente escritor, capaz de transformar sua tese em obra acessível ao público leigo. Vale dizer que o autor também escreve para crianças. Com ele descobrimos a história do menininho Freud. Lembra, filha? Aquele cujo cachorrinho se chamava Ego!

É certo que não lembramos de todas as leituras feitas, menos ainda de seus detalhes. Mas, como dizia Freud, as "esquecidas" permacecem em nosso insconsciente. Mais importante ainda: em algum momento elas saciaram um desejo, nos deram prazer. Pois é, sobre isso Freud tem um monte de explicações... E se todos precisamos que belas histórias encham de cor e poesia o dia a dia e revigorem a imaginação, na infância elas são fundamentais, preciosas lembranças que um dia nossos filhos contarão aos seus.

Obrigada, filha, por ouvir minhas contações! Te amo!

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